A reconstrução de
paleoambientes (paleo, do grego palaiós = antigo) é uma ferramenta
interpretativa que utiliza diversas áreas de estudo como a paleontologia,
arqueologia e geologia para alcançar seus objetivos. A base para a reconstrução
de paleoambientes é a palinologia, ou seja, o estudo de pólens e de esporos que
são produzidos pelas plantas.
O principal objetivo desta
área de estudo é reconstituir a flora antiga por meio do pólen deixado por ela,
e inferir as condições ambientais passadas de determinado local, de acordo com
as espécies identificadas a partir do pólen ou esporo. O pólen é composto por
uma substância denominada esporopolenina, que é extremamente resistente aos
processos de degradação no decorrer do tempo. Sendo assim, estão bem
preservadas em determinados locais nos dias de hoje, permitindo que
pesquisadores possam acessar estes pólens para estudos de reconstrução
paleoambiental.
Para a identificação de
espécies ou grupos de plantas evolutivamente próximas, são analisadas as
estruturas externas do grão de pólen ou dos esporos. As principais estruturas
estão esquematicamente representadas na figura 1.
Figura 1. Estruturas gerais de grão de pólen e esporo. Figura adaptada e traduzida de Punt e colaboradores (2006) (http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034666706001291). |
As análises polínicas
consistem, basicamente, em eliminar resquícios orgânicos presentes na amostra
(por imersão em solução de NaOH ou KOH, compostos químicos abrasivos) a fim de
separar apenas os restos polínicos, que são altamente resistentes aos tratamentos
com estes compostos. Após este tratamento, os grãos de pólen são analisados
quanto a sua morfologia, em microscópicos óticos ou eletrônicos, para a
identificação taxonômica de espécies.
Histórico
da Palinologia
Tudo começou quando Robert
Hook e Antoni Van Leeuwenhoek criaram o microscópio óptico. Só com o uso deste
instrumento tornou-se possível a visualização detalhada dos grãos de pólen e
esporos, o que permitiu o desenvolvimento da Palinologia. Com o passar do
tempo, várias subáreas da palinologia surgiram: a Melissopalinologia, que
permite descobrir a origem botânica e geográfica do mel através do pólen que
ele contém; a Palinologia Forense, que utiliza amostras de pólen encontradas em
cenas de crime para desvendá-las; a Copropalinologia, que se refere ao estudo
de grãos de pólen e esporos em excrementos, a fim de identificar os hábitos
alimentares de animaise humanos; e, por último, a Entomopalinologia, que estuda
os grãos de pólen presos ao corpo dos insetos, que permitem determinar como estes
se relacionam com as plantas. Todas estas subáreas pertencem a
Actuopalinologia, isto é, utilizam pólens e esporos dos dias atuais como
ferramenta para os estudos da área. Por outro lado, a Paleopalinologia trata
dos estudos da palinologia de pólens fósseis.
No século XX, a Palinologia tornou-se uma importante ferramenta para descobrir a
idade de diversos sedimentos e para reconstruir os ambientes que provavelmente
existiam no passado. No início, os estudos palinológicos aplicados na
paleontologia eram, predominantemente, focados em descobrir que plantas
existiam na vegetação dos paleoambientes, a partir dos grãos de pólen e esporos
encontrados e da idade deste material. No fim do século XX, a Palinologia já
era utilizada para reconstruir os paleoambientes de forma mais abrangente, além
de simplesmente descobrir como era sua vegetação. Dados do meio físico e dos
animais presentes nestes ambientes já eram apresentados. Já no século XXI,
observa-se o surgimento de uma tendência nas pesquisas da área: o estudo das
mudanças climáticas nos ambientes primitivos. Provavelmente, esta tendência
surgiu como resultado do crescente interesse da sociedade com as mudanças
climáticas atuais. Estudando o passado, estes trabalhos podem contribuir no
entendimento das variações climáticas contemporâneas.
Clique na figura e acesse um exemplo atual de aplicação da palinologia
na reconstrução de paleoambientes de um grupo de pesquisadores brasileiros, na
Amazônia.
CURIOSIDADES
SOBRE A PALINOLOGIA...
Você
sabia que a palinologia também pode ser usada para solucionar crimes?
Esta é a área da palinologia forense!
Clique aqui para acessar um breve resumo sobre a palinologia e sua
contribuição em investigações criminais, utilizando a palinologia como
ferramenta da ciência forense:
A palinologia desvendou o mistério da morte de Christopher Laverak que se estendia há mais de 20 anos. Clique na foto e saiba mais.
Clique na foto e conheça Mafalda Faria, palinóloga portuguesa
e sua opinião sobre o caso Madeleine McCann, o qual poderia ser solucionado se
utilizada a palinologia forense.
Por Ariana Moraes, Eric Kataoka e Silvania Correia.
Por Ariana Moraes, Eric Kataoka e Silvania Correia.
1 comentários:
Muito bom e instrutivo o blog, contudo seria interessante colocar a fonte das figuras dos grãos de pólen. Creio eu que foi retirado de um artigo online! http://biogeoamazonica.blogspot.com.br/2009/11/palinologia-como-ferramenta-na.html
Fica a dica!
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